Voltei ao IMAX esperando ao menos uma redenção para esse engodo chamado Interestelar. Mas que tormento. Eu já havia dado uma estrela para essa porcaria do Christopher Nolan — e agora, depois dessa sessão imersiva-IMAX, confirmo: é o pior filme que já vi. Cada segundo só reforça o que penso: Nolan é o Ed Wood dos nossos tempos, porém com dinheiro. Ele pega toda a pompa de Hollywood e transforma num desfile de estereótipos mal costurados.
Tecnicamente, o filme se exibe como se isso bastasse: rodado em película 70 mm IMAX, 35 mm anamórfico, com um monstro de filme girando numa chapa de 72 polegadas, que mal cabe no projetor — dá até versão “chique” com adaptações técnicas só pra comportar o rolo mais longo da história IMAX. Mas isso não encobre o vazio: visual? Tudo é fotogênico, espetacular para pôster, mas só isso — vazio de alma.
E o clichê de filmar na Islândia, então? Todo mundo conhece: qualquer coisa que precise parecer planeta hostil é filmada lá. Só retardados ainda compram esse truque de paisagem congelada como “outro mundo”. A geleira de Svinafellsjökull transforma-se, por milagre de roteiro, em planetas inteiros, e uma equipe de 350 pessoas leva uma nave de mentira artificial para isso. Isso não é criatividade, é preguiça de pensamento.
A trilha de Hans Zimmer — ah, desculpe chamar de trilha. É um estrondo constante que impede de entender o que os personagens falam. Sim, o som é tão obliterado pela música que quase cheguei a ter vislumbres de diálogos… mas não dá. E o pior é que se repete na internet há décadas — tocada exaustivamente em redes sociais até virar nojo, e essa trilha empolgante virou uma das piores que já ouvi. E mesmo o próprio Zimmer e Nolan defendem esse massacre sonoro como escolha artística deliberada.
As cenas e diálogos parecem cópias tortas de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Tudo é formulado como se fosse um xerox mal impresso: desde a viagem pelo espaço até os encantos misteriosos, a linguagem visual reaproveita ideias geniais mas sem nenhum respeito — é um remix malfeito, com menos alma e mais ego de diretor que acha que revisitar Stanley Kubrick o faz visionário.
Também: o “prático” dessa produção parece mais pose do que outra coisa. Plantaram 500 acres de milho no Canadá pra parecer real? Gastaram milhões em sets práticos? Beleza. Mas isso não salva o roteiro, que é piegas, inflado de explicações científicas batidas, emocionalismo de manual, e ainda por cima se acha filosófico quando não passa de teatro de efeitos, estilo fantasioso de gente que trocou cérebro por previsibilidade. A cinematografia de Hoyte van Hoytema até tenta trazer “realismo cru”, mas não consegue salvar a sensação de que tudo ali é fachada linda por fora, oca por dentro.
O design dos robôs, TARS (o HAL 9000 versão boazinha) e CASE, que deveriam ser inovadores, não passam de manequins quadrados com voz robotizada, como se a tecnologia por trás fosse substituível por qualquer aplicativo de desenho gráfico. O “futurismo usado” virou moda — nada de fantasias cromadas, mas a estética é tão sem personalidade que parece “lá vou eu parecer real, olhem como sou sóbrio”. Não tem identidade, tem fórmula.
E a ambição de colocar o espectador num terceiro ato físico? Pura pretensão. Construíram isso nos sets, dizem, mas o que vemos na tela é tanta simbologia pseudocientífica que me deu sono imaginário por excesso de explicação. Tudo tão forçado de “vamos mostrar conceitos quânticos com drama” que ficou entre a paródia e o desastre.
O som perdeu. O roteiro perdeu. A trilha sonora virou grito. Os efeitos parecem bonitos, mas vazios. O clichê de planetas filmados na Islândia, a ostentação tecnológica, o roteiro mal fundamentado, tudo conspirou pra esse filme ser um monumento à vaidade mal disfarçada.
Se o cinema inteiro fosse avaliado pelo que eu sinto vendo Interestelar, ele estaria com isolamento total — um vazio ruidoso onde só há músculo técnico, mas nenhuma emoção genuína. É tudo superficial, exagerado, barulhento, pastelão filosófico. Um “épico” que não passa de uma porcaria com orçamento enorme, e que só reforçou meu nojo absoluto por esse diretor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário