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setembro 03, 2025

Interestelar (2014)

 


Título original: Interstellar
Direção: Christopher Nolan
Sinopse: As reservas naturais da Terra estão chegando ao fim e um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand, Jenkins e Doyle, ele seguirá em busca de um novo lar.


Voltei ao IMAX esperando ao menos uma redenção para esse engodo chamado Interestelar. Mas que tormento. Eu já havia dado uma estrela para essa porcaria do Christopher Nolan — e agora, depois dessa sessão imersiva-IMAX, confirmo: é o pior filme que já vi. Cada segundo só reforça o que penso: Nolan é o Ed Wood dos nossos tempos, porém com dinheiro. Ele pega toda a pompa de Hollywood e transforma num desfile de estereótipos mal costurados.

Tecnicamente, o filme se exibe como se isso bastasse: rodado em película 70 mm IMAX, 35 mm anamórfico, com um monstro de filme girando numa chapa de 72 polegadas, que mal cabe no projetor — dá até versão “chique” com adaptações técnicas só pra comportar o rolo mais longo da história IMAX. Mas isso não encobre o vazio: visual? Tudo é fotogênico, espetacular para pôster, mas só isso — vazio de alma.

E o clichê de filmar na Islândia, então? Todo mundo conhece: qualquer coisa que precise parecer planeta hostil é filmada lá. Só retardados ainda compram esse truque de paisagem congelada como “outro mundo”. A geleira de Svinafellsjökull transforma-se, por milagre de roteiro, em planetas inteiros, e uma equipe de 350 pessoas leva uma nave de mentira artificial para isso. Isso não é criatividade, é preguiça de pensamento.

A trilha de Hans Zimmer — ah, desculpe chamar de trilha. É um estrondo constante que impede de entender o que os personagens falam. Sim, o som é tão obliterado pela música que quase cheguei a ter vislumbres de diálogos… mas não dá. E o pior é que se repete na internet há décadas — tocada exaustivamente em redes sociais até virar nojo, e essa trilha empolgante virou uma das piores que já ouvi. E mesmo o próprio Zimmer e Nolan defendem esse massacre sonoro como escolha artística deliberada.

As cenas e diálogos parecem cópias tortas de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Tudo é formulado como se fosse um xerox mal impresso: desde a viagem pelo espaço até os encantos misteriosos, a linguagem visual reaproveita ideias geniais mas sem nenhum respeito — é um remix malfeito, com menos alma e mais ego de diretor que acha que revisitar Stanley Kubrick o faz visionário.

Também: o “prático” dessa produção parece mais pose do que outra coisa. Plantaram 500 acres de milho no Canadá pra parecer real? Gastaram milhões em sets práticos? Beleza. Mas isso não salva o roteiro, que é piegas, inflado de explicações científicas batidas, emocionalismo de manual, e ainda por cima se acha filosófico quando não passa de teatro de efeitos, estilo fantasioso de gente que trocou cérebro por previsibilidade. A cinematografia de Hoyte van Hoytema até tenta trazer “realismo cru”, mas não consegue salvar a sensação de que tudo ali é fachada linda por fora, oca por dentro.

O design dos robôs, TARS (o HAL 9000 versão boazinha) e CASE, que deveriam ser inovadores, não passam de manequins quadrados com voz robotizada, como se a tecnologia por trás fosse substituível por qualquer aplicativo de desenho gráfico. O “futurismo usado” virou moda — nada de fantasias cromadas, mas a estética é tão sem personalidade que parece “lá vou eu parecer real, olhem como sou sóbrio”. Não tem identidade, tem fórmula.

E a ambição de colocar o espectador num terceiro ato físico? Pura pretensão. Construíram isso nos sets, dizem, mas o que vemos na tela é tanta simbologia pseudocientífica que me deu sono imaginário por excesso de explicação. Tudo tão forçado de “vamos mostrar conceitos quânticos com drama” que ficou entre a paródia e o desastre.

O som perdeu. O roteiro perdeu. A trilha sonora virou grito. Os efeitos parecem bonitos, mas vazios. O clichê de planetas filmados na Islândia, a ostentação tecnológica, o roteiro mal fundamentado, tudo conspirou pra esse filme ser um monumento à vaidade mal disfarçada.

Se o cinema inteiro fosse avaliado pelo que eu sinto vendo Interestelar, ele estaria com isolamento total — um vazio ruidoso onde só há músculo técnico, mas nenhuma emoção genuína. É tudo superficial, exagerado, barulhento, pastelão filosófico. Um “épico” que não passa de uma porcaria com orçamento enorme, e que só reforçou meu nojo absoluto por esse diretor.

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